Sistematicamente tenho oferecido cursos e treinamentos voltados ao compartilhamento de métodos de trabalho, de documentação linguística, tratamento de dados e até escrita científica. Embora a oferta seja sistemática, o compatilhamento dos tutoriais era assistemático. Por isso decidi reuni-los neste repositório, com o objetivo de facilitar o acesso e ampliar o escopo de público.
Sigo a linha da Ciência Aberta, com o compartilhamento de instrumentos, colaboração em materiais e reuso de dados. Como nem tudo cabe no Lattes, eu narro a minha visão sobre aquilo que considero minhas melhores práticas, que não necessariamente são os produtos científicos mais importantes no Lattes, mas os que me permitiram refletir sobre minha carreira e o impacto da ciência.
A necessidade de tantos tutoriais e instruções explícitas é inerente a mim: sou bagunceira e acumuladora, e gosto de trabalho em grandes grupos (nunca tive menos de 10 orientandos, a média é 20). Para manter a ordem, organização é essencial. E o desenvolvimento de todas essas ações só é possível pela estrutura do Condomínio de Laboratórios Mulitusuário de Informática e Documentação Linguística, sob minha coordenação, na Universidade Federal de Sergipe, que é fomentado por recursos advindos de projetos de pesquisa financiados pelas agências estaduais e federais.
Uma sociolinguística socialmente sensível pode parecer redundante, tanto quanto parto humanizado. Afinal, tem coisa mais humana do que parir? tem coisa mais social do que língua? Mas, pelo menos no Brasil, existe um abismo entre a ciência e a realidade. A pesquisa sociolinguística brasileira ainda é modelada por limitações de método, com células sociais estratificadas homogeneamente e variáveis binárias por conta das especifidades de um modelo estatístico, reforçada especialmente pela replicação de práticas já automatizadas, como se fossem caixas e categorias pré-definidas onde os dados precisam ser acomodados. O resultado é a pouca expressividade e a pouca inserção social da sociolinguística nos programas de ensino e nos debates na sociedade brasileira. Em defesa de uma sociolinguística socialmente sensível, fui conferencista na 70a edição da Reunião Anual da SBPC, em 2018, quando, a convite da Abralin, tratei do Ativismo sociolinguístico e suas contribuições para a construção de uma identidade linguística brasileira.
A quarta onda: ativismo sociolinguístico no Brasil relata uma trajetória de ações que permitem uma nova agenda de estudos da Sociolinguística no Brasil. Aqui em inglês
Para entender melhor a questão da inserção da Sociolinguística no Brasil, convido à leitura do artigo Sociolinguística no/do Brasil, publicado no dossiê da revista Cadernos de Estudos Linguísticos com o tema 50 Anos de Social Stratification of English in New York City, organizado por Livia Oushiro, pesquisadora brasileira que também tem uma postura sociolinguística socialmente engajada e dedicada à questão dos métodos.
E para a questão metodológica, convido à leitura do artigo A dadidade (ou dadidão) do dado, publicado em um dossiê dedicado à formação do linguista na revista Linguistica Rio, em que trato da entidade “dado linguístico”, já apontando para a organização de conjuntos de dados e suas implicações metodológicas.